Pela primeira vez fora dos Estados Unidos, realizou-se entre 10 e 12 de julho de 2024, na Faculdade de Direito da USP, em São Paulo, o III Encontro Continental em Estudos Afro-Latino-Americanos da Universidade de Harvard, organizado pelo Instituto de Pesquisas Afro-Latino-Americanas (ALARI) dessa universidade e suas instituições parceiras.
Uma vez mais, como ocorreu nos encontros anteriores, o Calundu esteve presente, já como Instituto fundado, apresentando seu trabalho. Apresentamos a mesa redonda “A Revista Calundu como projeto político-pedagógico decolonial no campo dos estudos afrorreligiosos”, que foi organizada pelas pessoas fundadoras do Instituto Adélia Mathias, Andrea Carvalho, Guilherme Nogueira, Hans Carrillo e Nathalia Fernandes, juntamente à Conselheira Tânia Mara Campos de Almeida. Em São Paulo, estiveram presentes Andrea, Guilherme, Hans e Nathália.
Resumo
A mesa reuniu fundadores/as do Instituto Calundu em um diálogo sobre a Revista Calundu, uma das ações de mais sucesso do anterior grupo de estudos, ora ONG, que logra êxito em uma área de pesquisa ainda com lacunas a serem preenchidas dentro das universidades brasileiras. A referida revista objetiva, no limite, a manutenção do diálogo entre a academia e as comunidades de terreiro. Essa empreitada tem sido um processo constante de amadurecimento da equipe que a integra: contratempos, realizações, parcerias, descobertas temáticas e epistemológicas. Experiências vividas pelos/as integrantes guiam o processo complexo, algumas vezes extenuante e sempre gratificante, de ser um dos poucos periódicos brasileiros a fomentar a conexão entre universidade e terreiros, o que evoca, remexe, repensa e reformula a história colonial, escravista e racista do Brasil enquanto privilegia a cosmopercepção da religiosidade de povos oprimidos e subjugados na América Latina.
Apresentou-se na mesa redonda o contexto que fez da Revista Calundu como ideia parecer viável para os/as pesquisadores/as envolvidos/as em sua elaboração, evidenciando-a como um projeto político-pedagógico decolonial e que contribui com as leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que versam sobre o ensino de cultura e história africanas, indígenas e afro-brasileiras nas escolas e universidades do país, não mais sob uma perspectiva racista nem hegemônica no sentido de favorecer a narrativa do grupo social dominante, mas sob uma perspectiva mais de acordo com a história experienciada pelo povo africano e seus descendentes. Também foram apresentados ao público números acerca da revista: temas recorrentes, publicações mais acessadas, submissões de artigos e textos livres, parcerias e dossiês. Um trabalho que visou mostrar como o periódico tem alcançado pesquisadores/as e demais pessoas interessadas na temática, estejam elas dentro ou fora do espaço virtualmente destinado às pesquisas legitimadas socialmente, a universidade.









