Relações afroindígenas – notas de nossos debates

Para além dos caboclos nos terreiros, as relações afroindígenas possuem raízes de ancestralidade que se conectam em um conjunto de experiências de movimentos de identificação, compreensão e acolhimento. Buscando estudar essas relações e a profundidade que ensejam, o Calundu as tematizou na reunião de seu grupo de estudos, ontem, 17/04/2024. O artigo escolhido para o debate foi o “Devir-afroindígena: ‘então vamos fazer o que a gente é”, de Cecília Campello do Amaral Mello, que explora o conceito de devir afroindígena como uma expressão de resistência e reconstrução identitária dentro do contexto brasileiro. O termo “devir”, como debate a autora, é central na filosofia de Gilles Deleuze e Félix Guattari e se refere a um processo de constante transformação e criação de novas formas de ser e existir.

O debate do grupo de estudos foi amplo e muito rico. Dentre várias questões, levantou-se um pouco sobre o intricado que são as identidades, resistências e (re)existências afro e indígena no Brasil, destacando como os povos que com essas se identificam compartilham experiências de racismo e opressão, que posicionam pessoas pretas e indígenas às margens da sociedade. Isso, não obstante, proporciona (historicamente forçou) o compartilhamento de espaços, que historicamente levou a elos de comunidade e coletividade.

A luta por justiça social e reconhecimento de direitos desses povos passa por uma reconfiguração das identidades, que não se limita às categorias pré-estabelecidas pela sociedade dominante. O conceito de devir afroindígena pode informar práticas políticas e epistemológicas mais inclusivas e emancipatórias, desafiando as estruturas de poder dominantes e promovendo uma visão mais plural e democrática da sociedade brasileira. Afroindigena é uma manifestação de auto afirmação política.

Texto escrito por Iara Silva Bidô, sob a supervisão de Guilherme Dantas Nogueira

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